José Goldemberg participa da abertura do 2nd International Workshop Advances in Cleaner Production

Foi realizada, no dia 20 de maio, a abertura do 2nd International Workshop Advances in Cleaner Production, evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção da UNIP, com participação da Associação dos Engenheiros da CETESB (ASEC), do National Prevention Pollution Roundtable e das universidades de Cienfuegos e de Sonora.

Com o objetivo de proporcionar a troca de informações e resultados de pesquisa sobre tecnologias, conceitos e políticas baseados em uma produção mais limpa e projetada para auxiliar a almejada mudança para uma sociedade sustentável, o tema do workshop foi Key Elements for a Sustainable World: Energy, Water and Climate Change (Os Elementos-Chave para um Mundo Sustentável: Energia, Água e Mudança Climática).   

 

De acordo com uma das componentes da mesa de abertura do evento, a coordenadora dos programas de Pós-Graduação Stricto Sensu e professora da Universidade Paulista, Marina Ancona Lopez Soligo, a produção mais limpa é um conceito que vai além do simples controle da poluição: 'Envolve pesquisa e desenvolvimento de novos processos, materiais e produtos que resultem em uma maior eficiência no uso de recursos e energia'.

 

Para falar exatamente sobre isso, o palestrante convidado foi o físico José Goldemberg, que abordou o tema The Role of Energy in Sustainable Development (O Papel da Energia no Desenvolvimento Sustentável).

 

Goldemberg foi reitor da Universidade de São Paulo (1986-1990), ministro da Educação (1991-1992), secretário federal da Ciência e Tecnologia (1990-1991) e do Meio Ambiente (1992) e secretário do Meio Ambiente de São Paulo (2002-2006). Ele, que também lecionou e realizou pesquisas na University of Illinois, na Stanford University of Paris (Orsay) e na Princeton University, recebeu, em 2008, o Prêmio Planeta Azul, considerado o Nobel do meio ambiente.

 

O palestrante explicou que o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, algo que não vem ocorrendo.

 

'Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gasolina) representam 80,1% do estoque atual de energia, a energia nuclear representa 6,3% e as energias renováveis 13,6%. Por causa da predominância dos combustíveis fósseis e de sua duração limitada, eles não poderão ser considerados a principal fonte de energia por mais de uma ou duas gerações', afirmou.

 

De acordo com Goldemberg, para que esse problema seja resolvido, as seguintes opções estão sendo avaliadas: 'O uso mais eficiente de energia, principalmente no transporte e nos processos de produção; o aumento da confiança nas fontes renováveis e o aceleramento e desenvolvimento de novas tecnologias de energia que produzam emissões que causem praticamente nenhum dano; além do desenvolvimento de tecnologias nucleares, caso os problemas no uso desse tipo de energia possam ser resolvidos'.

 

O físico declarou também que os países em desenvolvimento têm um importante papel nesse caso. 'Em vez de imitar as nações industrializadas e passar pelo caminho esbanjador do desenvolvimento econômico - criando um enorme legado de poluição ambiental -, esses países devem pular alguns passos e incorporar mais cedo as tecnologias modernas e eficientes ao seu processo de desenvolvimento', assegurou o professor.

 

Ainda durante sua palestra, Goldemberg fez questão de ressaltar a importância de eventos como o workshop: 'Quero registrar aqui que fico muito satisfeito com o fato de que a UNIP, efetivamente, está começando a seguir os passos que são necessários para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. Tradicionalmente, ciência e tecnologia têm sido uma área em que apenas o governo atua, através das suas universidades públicas. Isso é claramente insuficiente e já é tempo de um país desenvolvido, como o Brasil, ter universidades privadas que se preocupem com os problemas que nós estamos enfrentando hoje. Não é possível esperar que o governo faça tudo'.