Título: Apagamentos e (in) visibilidade dos povos originários: Marcas da intolerância e os estereótipos dos Mapuche e Guajajara nas narrativas jornalísticas
Autor(a): Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez
Orientador(a): Prof. Dr. Maurício Ribeiro da Silva
Data da defesa: 26/02/2024
A tese em questão trata da interface entre geografia, sociologia, história e comunicação e partiu da hipótese de que os grupos originários constituem-se em alvos de intolerância, estigmatização e apagamento, desde o período colonial até a contemporaneidade, o que é representado por episódios de crueldade, enfrentamento, tentativas de isolamento, perdas materiais e humanas. Esta perspectiva não atenta para o fato de que a colonização ibérica levada a cabo na América do Sul, em grande medida associou tais caracteres culturais em outros locais diferentes do Brasil, como na Região do Prata, na Argentina e no país andino Chile, ao o processo de embranquecimento da população, que se constitui de uma falsa impressão de que nestes territórios a presença indígena e africana não se apresentava. Assim sendo, apesar do imaginário associado ao colonizador ibérico e grupos imigrantes distintos, autodeclarações de pessoas com genes negros e indígenas indicam ainda forte presença dos povos originários, notadamente os Mapuche no Chile e parte da Argentina e os Guajajara no Brasil, que selecionamos. Diante deste cenário, esta pesquisa se insere no âmbito dos estudos de Comunicação e Cultura Midiática, pertinente à Linha de Pesquisa Configuração de Produtos e Processos da Cultura Midiática, está focada na questão do apagamento e disputas relativas ao imaginário, expresso pelas matérias jornalísticas e outros meios midiáticos. A hipótese principal é que há homologia entre os processos de estigmatização presentes no Brasil e nos países vizinhos que extrapolam as fronteiras, denotando mais do que um processo relacionado ao domínio sociopolítico-cultural português e espanhol, emergindo de um etnocentrismo próprio do catolicismo ibérico, que tendeu a demonizar práticas culturais e religiosas originadas nos povos subalternos de suas ex-colônias, sendo tais caracteres culturais ligados à fundação dos atuais processos de intolerância. Ante este quadro, constituímos a análise de manifestações presentes do estigma, no ambiente midiático (jornais, revistas, blogs e outros), buscando identificar os caracteres associados à intolerância presentes nos discursos, nos títulos, manchetes, imagens. Tais conteúdos foram organizados a partir de uma perspectiva qualitativa a qual, corroborando a hipótese principal, identifica forte presença do imaginário originado no colonialismo ibérico, criminalizando e demonizando povos originários por meio dos argumentos apresentados nos meios de comunicação contemporâneos, levando à conclusão de que a perspectiva da aceitação e da tolerância não se faz presente nos países estudados, diferentemente do que é declarado no contexto social, político e cultural. Quanto à relação discurso e imagem, apontamos ainda que, o discurso verbal segue uma trajetória, mas a imagem reitera o estereótipo herdado historicamente da colonização à contemporaneidade.
Palavras-chave: Mídia; Imaginário; Mapuche; Guajajara; Estigma.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.