Título: Cultura e Mercado: As duas faces do jornalismo cultural da Folha de S. Paulo
Autor(a): Patricia Rodelli Amoroso
Orientador(a): Antonio Adami
Data da defesa: 29/04/2009
Resumo: O objetivo deste trabalho foi pensar as relações entre cultura e mercado no âmbito do jornalismo, tendo em vista discutir questões relativas ao mercado literário e às produções jornalísticas culturais. O corpus investigado é o caderno cultural Ilustrada e o suplemento dominical Mais!, ambos publicados no jornal Folha de S. Paulo. Observamos a produção das notícias culturais publicadas no período de setembro a dezembro de 2007, para verificar de que forma podem ou não interferir no processo de consagração de uma obra literária como best-seller e a estratégia que a Folha emprega para transitar entre as duas faces do seu jornalismo: mercado e cultura. Como referencial teórico, utilizamos os estudos da economia das trocas simbólicas de Pierre Bourdieu (2007) que versam sobre as estruturas das relações objetivas entre o campo de produção erudita e o campo da indústria cultural. No âmbito da comunicação, ao tratar da produção de notícias na mídia, recorremos aos estudos teóricos no campo do jornalismo, em especial, aos valores-notícia (TRAQUINA, 2005), aos gêneros jornalísticos (MARQUES DE MELO, 1985) e ao pesquisador Chaparro (2008). Com base nos pressupostos metodológicos de Laurence Bardin (1988), os dados foram discutidos pela análise de conteúdo e suas técnicas de análise documental de textos. Esta pesquisa procurou demonstrar a especificidade de acontecimentos noticiados, especialmente, os que fazem menção à obra literária “Elite da Tropa” e ao filme “Tropa de Elite”. Esbarramos no fato de a produção cultural da obra literária se assentar na lógica do mercado. Percebemos a relação que se instaura objetivamente entre cultura e mercado, operando como instância de consagração, dada à capacidade que a mídia tem de alavancar a notoriedade de uma obra, mesmo que esse processo não seja escancarado, mas dissimulado por técnicas jornalísticas. Isso é o que permite viver as duas faces ambivalentes na produção do jornalismo cultural, ou seja, a da cultura e do mercado. Tais mecanismos levam ao retrato de jornalismo cultural hoje praticado pelo maior jornal em circulação no País, cujos dados revelam a inversão desse trânsito cultural, ou seja, a divulgação dos acontecimentos noticiados da cultura de massa, no caso, o filme, proporciona maior destaque à cultura erudita, no caso, a obra literária, fazendo com que a Folha tangencie as relações entre imprensa e literatura aplicando uma espécie de “verniz”, como um polimento, um tom à maneira de cortesia de produção cultural jornalística dirigida a seu público leitor.
Palavras-chave: Jornalismo Cultural. Best-Sellers. Gêneros Jornalísticos. Valores-Notícia.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Linguagens e Produtos Audiovisuais na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Comunicação, cultura e memória.